terça-feira, 17 de setembro de 2013

Adriana Tanese em Salvador. A Alma do Parto: um novo paradigma para a humanização do parto


Imagem inline 1A UNEB, através do projeto de Extensão Acolhendo à Gestação convida você para mais uma roda: A Alma do Parto: um novo paradigma para a humanização do parto. Como moderadora teremos a convidada Adriana Tanese Nogueira, psicoterapeuta de matriz junguiana da Escola italiana de Silvia Montefoschi, formada em Filosofia em Milão (Itália), foi co-fundadora do site Amigas do Parto em 2001 e co-fundadora e presidenta da Ong Parto e Companhia - Associação das Amigas e Amigos do Parto em 2003.Também é escritora e autora dos livros: A Alma do Parto, Mulheres Contam o Parto dentre outros

“O livro de Adriana constitui um rico manancial para reflexões(...) Desvelando-nos o parto com sua riqueza de sentimentos, emoções, sensações, este livro nos mostra as mulheres num estado privilegiado e modificado da consciência, possível de ser experimentado em pouquíssimas situações.” - Dr. Paulo Batistuta Novaes.

Entre conosco nessa roda. Vamos refletir sobre parto normal enquanto processo de ampliação da consciência.

Para fazer sua inscrição clique aqui

LOCAL
UNEB Auditório do Departamento de Ciências da Vida I

DATA e HORÁRIO
27 de Setembro de 2013 | 08:00 às 17:30 h

PÚBLICO ALVO
Evento gratuito e aberto a todos interessados pelo tema.

ORGANIZAÇÃO

Mary Galvão
www.partodomiciliar.blogspot.com

Chenia d’Anunciação
www.doulasalvador.com.br

OUTRAS INFORMAÇÕES
71 3117-2461 (Procurar Chenia)
Email: acolhendoagestacao@gmail.com
Blog: www.unebacolhendoagestacao.blogspot.com
Facebook: http://www.facebook.com/groups/acolhendoagestacao

Pontos a serem abordados

Concepção do corpo
* Significado do parto na obstetrícia moderna: prática e visão.
* Posições e lugares durante o parto.
* A dor no parto.
* Os objetivos do parto.
* Experiência do parto e nascimento

Concepção da relações sociais.
Relações: profissionais-instituições | Relações entre profissionais | Relações profissionais-pacientes |Doulas e acompanhantes |O bebê

Identidade psicológica
* O que sente e como funciona a mente do profissional humanizado
* Psicologia da grávida e parturiente humanizada
* Relações mente-corpo, razão-emoções
* Mecanismos psicológicos de auto-preservação no paradigma humanizante

Perspectiva existencial
* Ser ponte: o sagrado do parto
* Mães e sua iniciação à subjetividade madura
* Busca de sentido: conhecendo-se a si mesmos
* Humanização: uma nova etapa da civilização humana

PROGRAMAÇÃO

Convidada Adriana Tanese Nogueira

8:00 as 9:00 Abertura da roda
9:00 as 10:00h Apresentação do conteúdo
10:00 as 10:30 Intervalo para lanche
10:30 as 11:30 Concepção psicológica e implicações na identidade de profissionais e usuári@s
11:30 as 12:30 - Concepção do corpo: relações de gênero e sociais, práticas obstétricas, escolhas e pontos de vista
12:30 as 13:30 - Intervalo para o almoço
13:30 as 14:00 - Dinâmica de Integração
14:00 às 15:30 - Perspectiva Existencial
15:30 as 16:30 - Plenária para debate
16:30 as 17:30 - A alma do Parto
17:30 as 18:00 - Lançamento do Livro A Alma do Parto da autora.

 Contatos da Adriana Tanese Nogueira

www.ongamigasdoparto.com | www.psicologiadialetica.com | www.atnhumanize.com

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Relato de Parto Domiciliar de Thais Aguiar, nascimento de Tito.


A hora esperada



Dia 19/09 acordei bem, como em todos os dias anteriores. Estávamos com 39 semanas e dois dias e não estava sentindo nada de diferente. Pela manhã tive uma consulta com Dra. Sônia e ela decidiu fazer um toque. Resultado: 0cm de dilatação, bebê alto, colo grosso e posterior. Ela disse que provavelmente demoraria mais alguns dias, mas que isso não é uma regra! Quando saí da consulta liguei para o seu pai e falei que ainda ia demorar! Depois sua avó e sua dinda também ligaram querendo saber novidades! Eu disse para elas que ainda ia demorar! Todos estavam ansiosos, mas ninguém estava desesperado (eu acho), afinal eu "não estava com cara de quem ia parir logo". Fui para casa e passei o dia inteiro sem sentir nada de diferente. Nada mesmo! Só sentia as BH, que desde os 5, 6 meses já me acompanhavam, mas agora estavam bem mais frequentes, é claro! À tarde fui tomar um banho e como sempre fazia, cantei para você:
"Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...
Nesse dia branco..."




No final do dia seu pai chegou do trabalho, comemos alguma coisa e ficamos de bobeira. Lembrei (e enchi o saco) que ele ainda tinha que pintar a luminária da sala. Já fazia alguns dias que eu lembrava (e enchia o saco) que ele tinha que pintar a luminária. Esse dia ele resolveu pintar a luminária! Fiquei até umas 21h e pouco com ele e resolvi ir deitar, estava morrendo de sono. Acordei umas 22h e pouco com uma pontada bem levinha. Seu pai já estava dormindo e eu nem falei nada com ele. Voltei a dormir e acordei de novo com outra pontada levinha. Olhei no relógio, acho que eram 22:30h. Cochilei de novo e outra pontada. Olhei de novo no relógio e tinham passado 10 minutos. Achei melhor levantar, já que não ia conseguir dormir mesmo. Fiquei na sala viajando, pensando em um monte de coisas, a cabeça a mil. As pontadas foram ficando cada vez mais fortes. Eu respirava, caminhava, mexia os quadris, agachava. Definitivamente eu tinha que me movimentar durante as contrações, era muito incômodo ficar parada. A cada contração eu tentava procurar a melhor posição e sempre me preocupava com a respiração, lembrava das aulas de yoga. Eu ainda não estava acreditando muito no que estava acontecendo, achava que poderiam ser só os pródomos. E as contrações foram ficando mais intensas, mais frequentes. 1:20h da madrugada eu peguei um papel e comecei a anotar os intervalos das contrações. Elas estavam meio loucas, às vezes 7, 6, 8 e algumas com 4, 3 minutos de intervalo! As contrações foram ficando mais intensas ainda e umas 4h eu acordei seu pai:
- Coisa!
- Oi! - assustado
- Eu acho que estou em trabalho de parto!
- Meu Deus! Desde que horas?
- Umas 22h e pouco.
- Por que não me acordou antes?
- Por que eu não tinha certeza se era trabalho de parto, e sabia que você ia querer acordar todo mundo!
- Já ligou para Dra. Sônia? Já ligou para sua mãe? Já ligou para Chenia?
- Calma, Exídio. Eu não liguei para ninguém ainda.


Anotação das contrações

Nessa hora me deu uma dor de barriga e eu fui para o banheiro. Seu pai ligou para Dra. Sônia e ela perguntou como eu estava, me lembro de ouvir ele dizendo que eu não estava mais aguentando de dor, ele mal sabia que era só o começo. Ela pediu para falar comigo, mas eu não consegui dizer muita coisa. Depois, ela falou com ele de novo e disse: "Olha Exídio, consegui contar mais ou menos o intervalo de uma contração para outra e a duração, ela está realmente em trabalho de parto. Estou indo!".


Sol nascendo na nossa janela, hora que o papai acordou

Voltamos para a sala e continuei me mexendo durante as contrações. Aliviava muito ficar apoiada no parapeito da janela, movimentando os quadris. Nos intervalos eu ficava parada, concentrada, só esperando a próxima contração.



Menos uma contração

Não me lembro de ter visto ele ligando para sua avó e para Chenia, mas sei que ele ligou logo depois de ter falado com Dra. Sônia. A primeira a chegar foi a sua avó Ita, acho que ainda não tinha dado 7h.


Cafuné da vovó Ita


Abraço que acalma

Logo depois chegou Chenia, a nossa doula. Conversamos um pouco e minha mãe resolveu sair para comprar algumas coisinhas e a piscina, pois na última consulta Dra. Sônia tinha dito que a dela não estava muito boa. Neste intervalo a Dra. chegou e trouxe a piscina dela, acho que tinha mandado ajeitar. Ficamos batendo papo, Chenia começou a fazer umas massagens. Eu estava meio desorientada, a partir daí já não lembro de todos os detalhes.


Massagem de Chenia, carinho da vovó e companhia de Lola


Descanso na bola de pilates

Dra. Sônia pediu para fazer um toque: 4cm de dilatação, colo posterior, bebê ainda alto e dorso à direita. Ela mediu também os seus batimentos cardíacos e estava tudo ótimo com você.


Batimentos cardíacos

Me lembro dela ter dito: "Tai, o que faz a dilatação aumentar é o movimento. Você não pode ficar parada. Por que não vão fazer uma caminhada na praia? Eu tenho umas coisas para resolver no consultório, mas não demoro."
Coloquei um vestido e umas 11:30h fomos eu, seu pai, sua avó e Chenia para a praia. Tive contração no elevador, na garagem e várias no carro. As do carro foram as piores. Paramos em uma praia bem vazia aqui em Amaralina, colocamos nossas sandálias embaixo de um barquinho na areia e fomos caminhar.


Energia boa que vem do mar

Quando vinham as contrações eu me agachava. Aliviava ficar de cócoras, assim melhorava muito!


Menos uma

Eu e seu pai acabamos nos afastando um pouco e ficamos juntos, caminhando e sentindo cada contração.


Com o papai

Abraço bom

Para o meu joelho não machucar na areia colocávamos uma canga no chão. Uma hora alguém foi lavar a canga no mar e ela se foi, acho que pode ter sido para Iemanjá. Outra hora eu e seu pai estávamos caminhando e uma onda veio de surpresa e nos molhou. Passamos umas duas horas caminhando e pedi para voltar para casa, já estava ficando bem cansada.


O mar abençoando o nosso momento

Quando fomos pegar as nossas sandálias, percebemos que alguém já tinha levado!!! Meu Deus, como podem roubar uma grávida em trabalho de parto?
Voltamos para casa por volta de 13:30h e Dra. Sônia já estava nos esperando.
Tomei um banho quente e demorado, depois fiquei me movimentando, sentei na bola de pilates, agachava, fazia de tudo para amenizar a dor imensa que eu sentia na lombar. E o que me fazia sentir bem, muito bem, eram as massagens de Chenia! Nossa, aquilo era meio milagroso!


Massagem de Chenia

Até então a minha bolsa não tinha estourado e Dra. Sônia perguntou se ela poderia romper artificialmente e eu neguei de cara. Umas 16:30h ela me examinou de novo, resultado: 7cm de dilatação (uau!), mas o colo ainda estava posterior e você ainda estava alto. Os seus batimentos continuavam ótimos, e era muito bom saber disso. Acho que foi nessa hora que ela fez uma manobra para trazer o colo para a posição certa. Aquilo doeu muito!


Amor

Seu pai teve o maior trabalho para encher a piscina, foram muitas idas e vindas com baldes de água e para completar acho que ela estava vazando, aí mais trabalho ainda! Dra. Sônia disse que eu poderia entrar na água. Achei ótimo, fiquei feliz, pois tinha muita vontade e muita expectativa que você pudesse nascer na água, filho. Foi um momento de tranquilidade, de alívio. Chenia me fazia as massagens, sua avó jogava água quentinha nas minhas costas e cantava para a gente.

A presença dela foi muito importante para mim, e foi ótimo o modo como ela se comportou. Sempre discreta, me trazia força e segurança e ao mesmo tempo não invadia o nosso espaço. Fiquei cerca de 1:30h na água e as contrações desapareceram. Dra. Sônia sugeriu que eu saísse e só entrasse de novo mais tarde, pois não era legal que o trabalho de parto estagnasse.


Alívio na banheira

Nessa hora seu pai ficou mais colado ainda em mim. Ficamos rodando a casa inteira, e ele sempre segurando a minha mão. A presença dele me deixava mais segura, as palavras dele me deixavam mais calma. O que seria de nós sem ele, filho?


Tive contrações na sala, no quarto, no chuveiro. E sempre que vinham as contrações eu me agachava, era instintivo. E eu sempre chamava: Cheeeenia! E ela vinha fazer as massagens. Sua avó e seu pai bem que tentaram também, mas nada era como a massagem de Chenia.
Lembro de terem me oferecido comida, mas eu não podia nem pensar em comer nada. Acho que durante todo o dia eu tomei só um chá de canela, comi uns gominhos de tangerina e umas rodelas de abacaxi. A única coisa que eu queria mesmo era água. Lembro de ter bebido muita água.

O Sol já se pondo

O tempo foi passando, as contrações foram apertando e eu tinha a sensação que ia me quebrar ao meio. Lembro que falei para a sua avó: “Mãe, parece que tem alguém abrindo os meus ossos com a mão” e ela sorriu e disse: “Mas tem! É Tito querendo passar”.
Mais tarde Dra. Sônia veio conversar comigo e falou de novo em romper a bolsa, disse que isso aceleraria um pouco o processo, que eu já estava há quase 24h em trabalho de parto. Conversei com seu pai e então decidimos autorizar. Ela rompeu e doeu um pouquinho. Na hora eu senti uma água quentinha escorrendo, olhei e estava bem clarinho. Fiquei aliviada de não ter sinal de mecônio, mas o que eu queria mesmo era ter sentido a bolsa rompendo naturalmente. Acho que toda mulher que sonha parir imagina um dia a bolsa rompendo.
As contrações realmente ficaram mais fortes, e eu já estava exausta. Falei que não ia aguentar, que precisava de uma anestesia e que queria ir para o hospital. Dra. Sônia riu e disse que eu tomaria as decisões, que se eu quisesse, nós iríamos sim para o hospital e lá eu tomaria uma anestesia. E ela reforçou: “É isso mesmo que você quer?” e eu disse: “Não!”. Nessa hora todo mundo riu. Depois eu soube que ela falou com o seu pai: “Isso é normal, e é um ótimo sinal! Sinal que já está perto da hora!”.


Será esse o nosso limite?

Seu pai achou que a trilha sonora estava muito tranquila e teve a idéia de colocar uma música mais agitada. Acho que ele escolheu Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga e deu certo, me deu um fôlego extra! Lembro que ele, vendo o meu cansaço, tentava o tempo inteiro me animar e até me chamou para dançar - eu devo ter feito uma cara muito feia nessa hora!



Papai ajudando

Continuamos andando a casa toda, mas já estava quase sem forças para ficar em pé, para ficar de cócoras. Eu precisava que alguém me segurasse, me carregasse. E esse alguém foi seu pai, que ficou o tempo inteiro comigo, filho. Nos olhos dele eu sentia que ele queria dividir comigo aquela dor que era só minha. E eu transferi parte dela apertando muito ele, e ele sempre me falando que eu era forte, que estava perto, que nós estávamos conseguindo.


Exausta e sem forças

Eu disse que queria fazer cocô e Dra. Sônia disse: “Ótimo, Tai! Pode fazer força, mas acho que não é cocô! É Tito chegando!”. E a cada contração vinha uma vontade de fazer força e de gritar. O grito me ajudava, trazia um pouco de alívio.
Dra. Sônia viu que a sua cabecinha já estava aparecendo, todos ficaram animados e eu fiquei totalmente confusa. Ela sugeriu que eu colocasse a mão para sentir. Filho, foi uma coisa muito louca, muito estranha. Eu esperava sentir uma coisa rígida, e meus dedos tocaram uma coisa bem molenguinha. Na hora eu falei: “Ai! É mole! Eu não quero mais sentir!” e então ela perguntou se eu queria ver com um espelhinho e eu neguei também. Engraçado que quando eu imaginava o nosso parto eu sempre me imaginava querendo ver pelo espelho, querendo tocar a sua cabecinha coroada, e aconteceu tudo ao contrário.
Entrei de novo na banheira, fiquei um tempinho e você que já estava coroando, subiu novamente. Nessa hora eu fiquei muito agoniada, não entendia porque quando eu entrava na banheira tudo regredia. Fiquei triste. Dra. Sônia disse que se eu quisesse poderia ficar, mas eu disse que não, que queria sair, que queria que você nascesse logo.


Exausta e ansiosa

Tentei ficar de cócoras, e não tinha mais força para me sustentar. Tentei ficar ajoelhada e também não aguentei.


Em busca da melhor posição

Comecei a ficar incomodada e acabei fazendo o que não imaginei que faria: fiquei deitada e foi melhor assim. E você demorou filho. Não sei o tempo, mas a sensação era de uma eternidade. Será que essa demora foi por causa do seu dorso à direita? Por algum tempo você ficou subindo e descendo, e isso me deixou angustiada. Dra. Sônia achou que deveria ajudar intervir, e acabou empurrando a minha barriga. Na hora eu nem liguei. Eu sentia que você já estava bem perto, senti queimando tudo. Nessa hora seu pai já tinha deixado a máquina com sua avó e veio ficar bem pertinho, estávamos em uma sintonia muito boa. Conversamos muito sobre o parto durante a gravidez, e ele foi perfeito. Participou ativamente e intensamente de todo o processo, e isso foi essencial.


Mais algumas contrações e de repente, saiu a sua cabeça. Eu não quis olhar, não quis tocar novamente. E depois, muito rápido, em outra contração saíram os ombros e você escorregou. Eram 23:15h do dia 20 de setembro. Você veio para mim na mesma hora, não chorou, mas ficou resmungando baixinho. Nunca vou esquecer a sensação de abraçar o seu corpinho quente, grudado em mim através do cordão umbilical. Ainda éramos um só.


Seja bem vindo, meu filho!

Naquela hora não existia mais dor, mais preocupação, mais angústia, mais nada. Só existia o amor. O amor que eu achava que já era infinito quando você ainda estava na minha barriga. Filho, eu não sabia até onde ia o infinito!



O maior amor


Eu e seu pai ficamos juntinhos com você, e esse momento durou uma eternidade. Não sei quanto tempo foi, mas a sensação foi de eternidade. Coloquei você no meu peito e você só me lambeu. Seu pai chorou feito criança, e ele tem o choro mais lindo que alguém pode ter. Eu não cansava de te olhar, de olhar para o seu pai te olhando! Nós três ali, naquele momento, éramos o suficiente para a nossa felicidade.


Reconhecimento


"Bem vindo meu novo ser
cercado de proteção
de tanto amor tanta paz
dentro do meu coração

É como se eu tivesse esperado
toda a vida pra te embalar"

 
A melhor sensação

A placenta saiu logo depois, e não me lembro de ter sentido dor. Depois de algum tempo Dra. Sônia achou melhor te examinar. Seu papai cortou o seu cordão umbilical e foram todos para o seu quarto para a Dra. te examinar. E da sala eu escutei o seu chorinho. Acho que você estava com um pouco de dificuldade para respirar, então ela pediu que sua avó segurasse a mangueirinha de oxigênio pertinho do seu nariz.


Papai cortando o cordão umbilical

Não demorou nada e logo você voltou para a mamãe. Ficou no meu colinho e ainda não quis mamar, mas continuou me lambendo. Filho, o seu cheiro era o melhor cheiro do mundo, seu pai disse que parecia um cheirinho de churrasco. Até hoje tenho flashback do cheiro (se é que isso existe). E fico feliz toda vez que esse cheiro vem na minha memória.


O cheirinho da mamãe

Seu pai e sua avó começaram a ligar para todo mundo. Logo depois seu avô Exídio, sua avó Licia e sua Dinda chegaram. Eles estavam ansiosos para conhecer a coisinha mais linda do mundo!
Mais tarde me levantei e fui para o quarto para a Dra. suturar a laceração que eu tive. Incomodou um pouco, mas nada me tirava daquele estado de graça. Seu pai ficou te segurando, com o maior jeito, lindo! Parecia até que já tinha segurado um recém-nascido. E abraçadinho com você ele subiu na balança para te pesar: 2.900kg. Tomei um banho e ficamos na cama, te admirando, te amando. Ali você mamou. Mamou como se já tivesse feito isso antes. E assim, juntinhos, ficamos nós três. Mais tarde me bateu uma fome digna de quem tinha passado um dia inteiro sem comer! Contrariando todo mundo eu levantei e sentei na mesa para comer pizza! Eu merecia! Já passava de 2h da manhã e me dei conta que já era dia 21, o dia do meu aniversário. Nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar que ganharia um presente de aniversário tão lindo! Você foi o meu melhor presente, Tito!


O leitinho do amor


O melhor presente

Sem dúvida foram as 25 horas mais intensas da minha vida. Senti muita dor, achei que não ia suportar, me chamei de louca. Mas tudo isso passa, e só ficam as coisas boas. Eu queria que algumas coisas tivessem sido diferentes. Se pudesse voltar atrás teria me alimentado melhor para ter mais energia no expulsivo, não teria aceitado o rompimento artificial da bolsa e teria esperado mais um pouco na piscina. Mas, mesmo assim, tenho muito orgulho da forma que escolhemos para te receber. Tenho muito orgulho de você, que fez o seu trabalho direitinho e já provou que é retado! Tenho muito orgulho do seu pai, que aos poucos foi comprando a minha idéia e se tornou o maior defensor do parto natural. Ele é um companheiro no melhor sentido que esta palavra pode ter, e eu amo isso nele. E pode ter certeza, filho, que o amor que eu sinto por ele hoje é bem maior e mais maduro. E sem modéstia, tenho orgulho de mim também. Sei que fui forte e guerreira, mas sei também que isso foi só o começo.


Meus dois amores

Nunca imaginei que caberia tanto amor dentro de mim. Um amor diferente, puro, tão forte que dá nó na garganta. Um amor indescritível, que tantas pessoas tentaram me descrever e que eu, da mesma forma, tento descrever sabendo que estas palavras não serão suficientes. Prometo, filho, que vou passar a nossa vida inteira tentando fazer você entender o tamanho desse amor.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Como atender um Parto Humanizado - passo a passo

Texto da Ana Cristina Duarte

20 de março de 2013 às 23:11
 
Você, médico ou enfermeira obstetra, está lá de plantão no seu canto. Não aguenta mais aquele papo de quem vai pro paredão do BBB.
Chega a gestante em trabalho de parto. Vamos supor as seguintes condições:
- Fez pré natal e não há nada de anormal
- Ela está em trabalho de parto (contrações efetivas, 2 a 3 contrações em 10 minutos)

Eis o que fazer:

1) Sorria. Apresente-se com um aperto de mão, diga seu nome e sua função na instituição. Cumprimente o acompanhante. Parabenize-a pela chegada do bebê. Só faça elogios. Não faça críticas, nem piadas. Seja simpático e sorridente, sem ser 'engraçadinho'. E definitivamente essa não é a hora de julgar falta de pré natal, excesso de filhos, de peso ou de pêlos. Nada disso é da sua conta. Lembre-se que você está sendo pago por esse serviço, que aceitou voluntariamente. Lembre-se que, em última instância, são elas que pagam o nosso salário. Dica: se estiver cansado, preocupado, estressado, com um difícil plantão, pare antes de entrar na sala de admissão ou de receber o casal. Pare. Respire. Lembre-se que para eles, é uma experiência única e possivelmente a primeira. Eles estão com medo, assustados e ela com dor.

2) Deixe-a à vontade e o mais confortável possível, com liberdade de posição, desde essa fase de triagem. Explique que ela pode parar de responder se vier contração. Aguarde as contrações, sempre que vierem, antes de continuar o seu questionário. Pergunte os dados que você precisa para o preenchimento da ficha da admissão. Ofereça uma camisola da instituição, sem obrigá-la a usar.

3) Peça que aproveite logo após o final de uma contração para se deitar em maca com encosto elevado pelo menos 45º. Diga que tentará ser o mais rápido possível. Instale a cardiotocografia de admissão, explique que é para avaliar os batimentos cardíacos do bebê. Verifique temperatura, pulso e pressão arterial. Tire termômetro e manguito de pressão tão logo termine as medidas. Peça licença para examinar a dilatação. Espere ela concordar. Seja delicado. Use gel lubrificante. Não force o colo. Não tente abrir mais do que já está. Pense em como você gostaria que um profissional examinasse internamente sua esposa, sua irmã, sua filha. Apenas avalie rapidamente, dilatação, esvaecimento, posição e altura. Diga a ela com quantos centímetros ela está de dilatação e dê parabéns, novamente. Diga que ela pode continuar o exame do coração do bebê em qualquer posição, inclusive de pé. Após os 20 minutos necessários, desligue imediatamente o aparelho e, caso esteja tudo bem, informe esse dado. Caso não esteja tudo bem, diga o que o preocupa, sem inflacionar a informação, e explique que você já vai cuidar disso com a maior rapidez possível.

4) Supondo que ela já esteja com pelo menos 4 cm de dilatação e contrações efetivas, ou seja, na fase ativa do trabalho de parto, instale-a com o acompanhante, de preferência numa sala individual (não coletiva). Mostre onde tem banheiro, água, telefone, local para caminhar, banheiro para o acompanhante, chuveiro, bola, e tudo o que pode ser útil. Se ainda for fase inicial, explique que é complicado internar assim tão precocemente. Incentive-a a voltar pra casa por algumas horas (se for perto) ou a dar um passeio a pé, até as contrações ficarem mais fortes.

5) Não realize lavagem intestinal, nem tricotomia, nem qualquer procedimento de rotina na internação. Não ligue soro com ocitocina. Deixe o trabalho de parto evoluir normalmente. A ocitocina só deve ser utilizada em casos de distócia de progressão. Lembre-se que a ocitocina pode causar anóxia e óbito fetal. Ocitocina não é remédio pra "ajudar". Ocitocina é uma droga potentísssima e perigosa.

6) Não rompa bolsa, a não ser em caso de distócia de progressão ou de sofrimento fetal (para verificação de mecônio). Deixe que a natureza se encarregue disso. Se nada for feito, a bolsa se romperá naturalmente entre 7 e 10 cm de dilatação, ou durante o período expulsivo. Ruptura artificial da bolsa das água é o maior fator de risco para prolapso de cordão.

7) Examine apenas o necessário. Tirando a ausculta fetal, que é fundamental para sabermos a vitalidade do bebê, não há porque ficar fazendo toques vaginais de hora em hora. Na fase ativa, podem haver intervalos de até 4 horas entre um toque e outro. Não deixe que mais de um profissional realize o toque. Peça licença. Pergunte se ela prefere que seu acompanhante permaneça ou saia durante o exame. Não assuma que você sabe como ela se sente, nunca! Sempre elogie o progresso, e como ela é forte, e como ela está lidando bem com o trabalho de parto. Se a bolsa estiver rompida, especial cuidado! O parto pode demorar quantas horas for necessário com a bolsa rompida, mas os exames de toque aumentam o risco de infecção. Quando necessário tocar, use luvas estéreis, principalmente no caso de bolsa rota. Hoje em dia existem luvas para toque plásticas, estéreis, embaladas individualmente e de baixo custo.

8) Se for realizar cardiotocografia, não deixe o aparelho ligado por mais de 20 minutos, explique que o alarme não significa problemas, que em geral é porque houve perda do foco pelo aparelho, desligue imediatamente logo após terminado, e dê liberdade de posição durante o exame. Não é necessário que a mulher esteja deitada.
 
9) Incentive a mudança de posição, deambulação, banho de chuveiro e banheira, uso da bola, descanso em diferentes posições. Não é necessário seguir um circuito pré estabelecido. Explique apenas que ela não está doente e que deve confiar em seu corpo. Explique sobre a importância de não ficar numa só posição o tempo todo. Mostre técnicas de massagem para o acompanhante. Incentive o uso do chuveiro para alívio da dor. Ofereça sucos, água e alimentos.

10) Conforme chegar mais perto do expulsivo, explique os sintomas e peça ao acompanhante que chame caso um desses sintomas seja referido. Não faça dilatação manual do colo, pois esse é o maior fator de risco para laceração de trajeto. Aguarde a evolução natural. Não coloque a mulher "em posição". Dê liberdade durante o período expulsivo. Dê preferência a posições verticais, como a banqueta de parto, por exemplo. Não é necessário realizar antissepsia dos genitais.

11) Deixe a mulher fazer força conforme sente vontade, não fique guiando, gritando ordens ou pedindo que ela prenda a respiração e faça força comprida. Deixe que ela sabe o que fazer. Bebês nascidos sob manobra de Valsalva têm notas de Apgar em média menores do que os nascidos sob puxos espontâneos. Não fique colocando os dedos na vagina dela para "alargar" o canal. A vagina é tecido mole, não segura o bebê. Se for possível abaixe a luz, deixe alguma música (se ela gostar da idéia), fale baixo. Evite falar, na verdade. Faça apenas a ausculta a cada 10-15 minutos. Lembre-se que desacelerações durante a contração são normais, ainda mais no período expulsivo.

12) Dê tempo ao tempo, lembre-se que o período expulsivo de uma primigesta pode levar até 2 horas, às vezes até mais, desde que esteja havendo progresso e a ausculta esteja boa. Quando o bebê estiver coroando, convide a mulher a sentir a cabeça do bebê com a mão, e assim controlar a força e a expulsão. Proteja o períneo com uma compressa. Não empurre o fundo uterino, nem com a mão, muito menos com o cotovelo. A Manobra de Kristeler pode provocar lesão de fígado, de baço, ruptura uterina, descolamento de placenta, fratura de costela e hematomas, entre outros problemas.

13) Dê tempo para a cabeça subir e descer várias vezes, alongando o períneo. Isso evitará laceração. Não corte episiotomia, por favor. O maior risco de laceração de quarto grau ocorre quando se abre uma episiotomia. Lacerações em geral são pequenas, a maioria nem sutura necessita. Cerca de 70% das mulheres saem com períneo intacto.

14) Após a saída da cabeça, não puxe o bebê. Deixe que a próxima contração traga o resto do corpo. Isso pode levar 5 minutos. Lembre-se que o bebê está sendo oxigenado pelo cordão. O bebê pode nascer sozinho apenas com as contrações uterinas. Receba o bebê com delicadeza, enxugue-o delicadamente, sem esfregar. Sinta a pulsação do cordão, se estiver acima de 100, o bebê está bem. Ainda ligado ao cordão, coloque o bebê em contato pele a pele com a mãe e cubra-o, para prevenir a perda de calor. Não corte o cordão. Espere que ele pare de pulsar. Cerca de 1/3 do volume de sangue do bebê está no cordão e placenta. Deixe que esse sangue vá para o bebê.

15) Com a mãe ainda segurando seu bebê no colo, aguarde a placenta sem tracionar. Verifique apenas que o útero esteja contraído. Isso pode te dar a segurança que você precisa para deixar a natureza cuidar da placenta sem intervenções. Se houve fator de risco para hemorragia pós parto, aplique ocitocina intra-muscular e aguarde.

16) Se for necessário suturar, faça-o com anestesia suficiente para que a mãe não sinta dor. Se ela disser que está doendo, acredite: está doendo. A dor faz aumentar a adrenalina, diminuindo a produção de ocitocina: pior para o aleitamento, pior para a hemorragia pós parto. A amamentação na primeira hora de vida é prioridade e é a melhor forma de prevenir a hemorragia.

17) Após a primeira mamada e o cordão já cortado, pergunte se o pediatra pode examinar. Se possível o exame deve ser feito na própria sala de parto. Se não for possível, peça ao pai para acompanhar o exame. Enxugue melhor o bebê, com delicadeza. Corrija o corte do cordão, se necessário. Não aspire um bebê que respira. Pingue o colírio de escolha, de preferência abandone o nitrato de prata, menos efetivo, cáustico e doloroso. Substitua por antibiótico ocular. Deixe vacinas e vitamina K para as horas seguintes ao parto. Pese e identique o bebê. Devolva o bebê para a mãe imediatamente após o exame e diga a ela os dados relevantes.

18) Leve mãe, bebê e acompanhante para o quarto, na mesma maca, e favoreça o alojamento conjunto.

19) Da série "Um plus a mais": obstetrizes/enfermeiras obstetras para todas as mulheres; doulas voluntárias e permissão de entrada da doula contratada pela mulher, analgesia peridural para mulheres que esgotaram todas formas alternativas e não farmacológicas de controle da dor do parto; quartos com ambientação agradável; banheira para relaxamento e para o parto na água (aguarde nota sobre como atender um parto na água); uso de vácuo no lugar de fórceps sempre que possível (e necessário, claro).

20) Da série "Nunca é tarde pra lembrar": residentes e estudantes estão lá para aprender SE e QUANDO a mulher permitir. Mulheres e bebês não são cobaias. Parto não pode ter platéia. Não é humano colocar 6 estudantes observando a vagina de uma mulher. Nâo é humano colocar 6 estudantes e residentes para meter seus dedos nervosos em vaginas de mulheres com dor, assustadas e embaraçadas. Por favor, tome cuidado com a presença dos estudantes e sempre peça permissão à mulher. Sempre!
Por incrível que pareça, essas atitudes são o que chamamos de "Parto Humanizado". Para quem achava que parto humanizado envolvia o canto de mantras, a degustação da placenta e todos pelados na banheira, talvez seja uma decepção. Para quem milita pelo direito a um parto tranquilo para todas as mulheres, do SUS ou do sistema privado, é um grande alívio.

Imprima esse texto e entregue isso ao seu obstetra ou ao hospital público onde vai ter o seu bebê. Explique que é apenas isso que você deseja para seu parto.


Já estava escrito nas pedras!
Já estava escrito nas pedras!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ricardo Jones em Salvador - Lançamento do Livro Entre as Orelhas: Histórias de Parto

 

Lançamento do Livro Entre as Orelhas: Histórias de Parto.


Em setembro o médico obstetra humanista Ricardo Jones estará em Salvador lançando seu segundo livro: Entre as Orelhas-Histórias de Parto.
 
No dia 07 de setembro de 2013 o lançamento será em Salvador, e a cerimônia terá inicio às 17:00 horas.
Local: Hotel Golden Park, Avenida Manoel Dias Da Silva 979, Pituba, Salvador, 41830-000 Brasil ‎0800-762-1295‎.
Fones: Rose Daniele (71) 3013-4786 e (71) 8841-1128 OI  e (71) 9221-9878 TIM
Após o lançamento o autor irá proferir uma palestra, intitulada: Entre Orelhas: o Parto na perspectiva do sujeito.
Após a palestra irá iniciar-se a seção de autógrafos.
Inscreva-se já, e faça a reserva de livros (Entre as Orelhas: Histórias de Parto e Memórias de um Homem de Vidro: Reminiscências de Um Obstetra Humanista (Terceira Edição, Revisada e Ampliada).


Para a confirmação da reserva é necessário efetuar depósito bancário ou pagamento de BOLETO.

V A L O R E S 

1 Palestra: R$ 70,00 por pessoa
1 Livro: R$ 40,00 por livro
1 Palestra e 1 Livro: R$ 100,00
1 Palestra e 2 Livros: R$ 135,00
Até o dia 21/8/2013 voce tem 5% de desconto

Para outras combinações entre em contato pelo email: historias.de.parto@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

P A G A M E N T O


As opções para depósito são:
Banco Itau, Agência: 0644, conta corrente: 04086-7 em Nome da Care Consulting Treinamentos.
Banco do Brasil, Agência:6809-8, conta corrente: 19.572-3 em Nome de Marcilha A B Louzada
Envie copia do comprovante para historias.de.parto@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.
OBS: Depósito em Cheque demora em média 48 horas para confirmação do crédito.

Opção para emissão de Boleto.
Neste caso, marque um X na opção BOLETO no formulário a seguir, e enviaremos para o email o boleto para pagamento.
IMPORTANTE: Boleto Bancário demora no minimo 2 dias para confirmação de pagamento, logo só serão confirmadas inscrições feitas em tempo habil, ou então a apresentação do comprovante na entrada do evento.

I M P O R T A N T E

Se optar por BOLETO, será necessário informar Endereço COMPLETO (Rua/Av/Etc, numero, complemento, CEP, Cidade, Estado), CPF, nome COMPLETO, pois isso é uma exigência bancária.

P A T R O C Í N I O