segunda-feira, 22 de julho de 2013

Relato de Parto Tiane Novaes, nascimento de Júlia

Parto Normal Hospitalar no SUS
23/05/2011

Nascimento de Júlia 

Até então era só mais uma noite de barriga cheia, já que a dpp era pra 3 dias adiante, eu e telumi juntos ¬num domingo, que por sorte não tinha ido pra casa, já que moramos em casas separadas e só passamos os finais de semanas juntos. Lembro como se fosse ontem, a gente dançando no meio do quarto juntos, quando eu falei “- essa pode ser a nossa última noite como dois...” a gente se abraçou, se aconchegou e fomos deitar um pouco. 
Quando deu 22h eu senti alguma coisa escorrer em mim, falei isso pra ele e levantei rápido, percebi a calcinha molhada e fui correndo pro banheiro e a água escorrendo mais, ele veio correndo atrás de mim e ficamos no banheiro vendo o acontecimento que tanto esperávamos: a bolsa estourar. 
Mandei ele ir falar com minha doula ( chenia ) no MSN, ele pegou o netbook e foi pro banheiro onde eu estava, eu na privada e ele no chão teclando, lembro que rimos disso. 
Chenia me orientou descansar porque seria uma noite daquelas, ela faria o mesmo, já que ficaria comigo assim que começasse a esquentar a coisa. 
Telu ficou muito nervoso quando confirmamos que estava começando meu trabalho de parto, fazia umas caras estranhas, ria, tentava arrumar a mochila dele e eu bem calma, tranqüila e serena. Até tentamos cogitar a hipótese de descansar, mais era impossível. Contamos aos pais dele, fomos pra minha casa e já tava todo mundo lá me esperando, ansiosos pela chegada de Júlia, preocupados com todos os detalhes. 
Então começaram as famosas contrações dolorosas, desde o 5º mês tinha as contrações indolores de treinamento (que incomodavam), deitamos e tentamos ficar anotando as contrações e o tempo delas, mas isso começou a ficar um saco, paramos de anotar. Quando começou a doer MUITO, ligamos pra chenia (a doula) e ela veio aqui pra casa (umas 3h da manhã), daí começamos a doulagem: sentei na bola, recebi massagens, orientações pra telumi me apoiar nas contrações, fui pro chuveiro e então como um passe de mágica, quando me dei conta , já eram 6h e não tava mais agüentando. Decidimos (ou decidiram) irmos pro hospital, nem lembro de nenhum detalhe do caminho pra lá, só lembro que me falaram que chegamos. 
Chegando no hospital eu já estava mais ciente dos acontecimentos, meu maior medo era ouvir que eu tava com 3 de dilatação, como sempre lia nos relatos, mas graças a Deus o médico falou que Julinha estava bem baixa e eu com 8cm de dilatação. Fiquei muito feliz... consegui até dar um leve sorriso. 
Mas, alegrias a parte, ainda doía pra burro. Fomos pro pré-parto, tinha umas mulheres arreganhadas, chorando, umas cenas bem estranhas, mas acho que eu também fazia parte dessas cenas, porque eu andava praticamente nua por aquela sala, com os cabelos parecendo que tinha tomado um choque. E ficava de quatro e agachava e ia pro chuveiro, minha cara não deveria ta uma das melhores daquela sala não. E minha doula, maravilhosa, não saia do meu lado pra nada, nem pra um cafezinho, e eu também não deixava, porque, benditas mãos, amenizava demais meu sofrimento. E passavam as horas e nada, ninguém me examinava, uma dor... uma dor muito louca. Eu já nem era mais dona de mim, eu me sentia um animal mesmo, eu enfiava o dedo em mim pra ver se sentia a cabecinha dela e nada. me examinaram: 9cm de dilatação, que demora, já era umas 9 horas, todo esse tempo, 9 cm, meu Deusss. Vamos pro chuveiro.. cheguei la, falei baixinho pra chenia: - eu não agüento mais.. ela não ta vindo.. tem alguma coisa errada. Voltamos pra maca, deitei muito cansada, triste, com vontade de desistir de tudo aquilo, parecia uma bad trip. Me toquei, dessa vez não precisei enfiar o dedo, já senti um negocinho duro saindo, coroou, chenia sorriu: - ela ta vindo, ne? Eu respondi: - ta! Chama alguém! Na mesma hora me deu uma vontade de fazer força, que não dava pra controlar, todo mundo correu, pegou uma outra maca pra me levar pra sala de parto, e falaram pra eu não fazer força (ah, ta, que fácil..) 
Na sala de parto, eu fiquei muito nervosa, como nunca tinha ficado, eu tava muito ofegante, mas conseguia responder tudo que me perguntavam, menos meu nome todo, que tinha uma mulher insuportável, perguntando isso vinte vezes, respirei fundo e falei bem rápido e gritando, era a única forma que eu conseguia falar. 
Aí chegou a hora, quiseram expulsar chenia da sala porque era hospital público, mas eu fiquei desesperada, segurei a mão dela e pedi pra ela não sair, ela conseguiu até filmar meu parto, ficou perfeito! 
A médica aplicou a anestesia local, fez a episio (enorme, por sinal, fiquei um bom tempo sofrendo com isso aff), fiz duas forças e Julinha nasceu, com cabeça oval, orelha amassada, inchadaaaaa RS 
Veio direto pra meu peito, parou de chorar na hora e mamou feito uma bezerrinha linda, olhei todos os detalhes dela, falei que ela era linda e cabeluda, ficou um tempinho comigo enquanto davam os pontos, cortei o cordão umbilical e depois levaram ela. Gente, acreditem, foi o dinheiro mais bem gasto que já gastei em toda minha vida, com a doula, ela foi maravilhosa, tinha tudo pra ser mais um parto no SUS, mas ela tornou tudo muito especial e ainda conseguiu eternizar (alem das nossas lembrancas) aquilo tudo com fotos e video, tudo muito lindo. Me deu um apoio que eu não consigo nem dizer com palavras, um apoio tanto emocional, como físico, queria aproveitar e mandar um beijo pra ela, pra meu amor que ficou comigo o tempo todo me ajudando e não saiu da porta do hospital até ver a gente 14h. 
Júlia nasceu no dia 23.05.2011, as 11h com 3,175kg 51cm apgar 9/10.

Um comentário: