Parto de Eva Dayane
Nascimento de Joaquim
Local CPN Mansão do Caminho
Data 27 de abril de 2016
Doula Chenia d'Anunciação.
Conheci a Eva no meu setor de trabalho na Uneb, nos demos bem logo no início do encontro. Eva tinha acabado de ter um sobrinho e a gente ficava trocando figurinhas sobre parto, maternagem, doulagens. Nos tornamos boas amigas, depois Eva foi embora, pois passou em outro concurso e eis que um dia recebo uma mensagem com um exame de BHCG positivo e dos dizeres que seria titia. Ela estava morando longe... Quando ela já estava com barrigão, nos encontramos e fiquei muito emocionada ao ver que uma nova Eva tinha surgido, conversamos muito e acertamos coisas de parto.
2017 grávida do Ben fui para Itacaré parir, Eva e seu companheiro fizeram fotos belíssimas minha, da Zaya minha filha e do barrigão.
Chega de histórias e vamos ao relato escrito pela Eva sobre seu parto e a chegada do Joaquim.
Inspirem-se!
38 semanas

Chorava, ficava em pânico. Eu estava preparada apenas para o parto natural, embora se fosse necessário aceitaria, mas confesso que eu ficaria bastante frustrada. Eu queria sentir meu filho sair de mim, ter o contato direto com ele sem intervenções. Isso desde sempre. Talvez tenha sofrido influências de minha mãe, ela teve dois partos normais. Eu queria parir como ela pariu. Outro medo de não conseguir parir, de não ter força para parir…Medo do CPN não me aceitar como gestante de baixo risco, embora eu soubesse que estava tudo bem comigo, apesar de minha GO ter me dito que eu estava dentro do perfil… eu sentia medo! Medo porque eu tinha tido infecção urinária, porque quase não consegui sair da anemia, porque minha vitamina D não havia estabilizado ainda.
Chegou o dia da consulta de perfil. Fui para o CPN e fui aceita. Nesse dia também tive consulta com minha GO, pois ela estava atendendo lá. Joaquim ótimo, mamãe Eva também, porém chorosa de medos e muita ansiedade. Minha GO, Drª Marilena Pereira foi maravilhosa! Sempre serena, com mensagens de ânimo, me tranquilizando. Enviou um texto lindíssimo sobre parir, ensinamentos de mulheres indígenas.
39 Semanas


diferentes de tudo que eu já tinha sentido na gestação. Além das contrações, minha calcinha estava começando a ficar suja com uma gosminha parecida com borra de café, como se fosse finzinho de menstruação. Será Joaquim querendo nascer no final de semana? Contei tudo para marido e para minha doula Chenia. Mesmo assim fomos almoçar fora e depois fomos curtir o MAM com amigos de Gandu que estavam passando o feriadão em Salvador. E a colicazinha ali incomodando… eu muito feliz porque sabia que era meu filho chegando. Vimos duas exposições que estavam no MAM, curtimos o jazz. No domingo fomos novamente a praia e voltamos para casa. As colicazinhas tinham parado, mas a gosminha da calcinha não. Era hora de marido voltar para Gandu para mais uma semana de trabalho. Tínhamos medo dele voltar e eu entrar em trabalho de parto nesse intervalo de tempo de Salvador a Gandu, mas não aconteceu. Então chegou a segunda-feira, vinte e cinco de abril. Na madrugada da segunda senti contrações mais fortes junto com uma vontade de fazer coco, era uma e pouca da madrugada. Fiquei observando as contrações, olhei o relógio do celular e comecei a marcar tempo, porém não tinham ritmos. Já tinha sido instruída por minha doula para manter a calma quando eu entrasse em trabalho de parto, que se fosse de madrugada, para eu tentar dormir e descansar o máximo que eu pudesse, que eu economizasse energia, pois iria precisar para o expulsivo. Assim fiz, observei as contrações para vê se aumentariam, quando vi que estavam sem ritmo voltei a dormir. Quando acordei segunda, mandei mensagem para minha doula contando o ocorrido. Ainda não era o trabalho de parto, mas estava bem pertinho. Contei também para meu marido e para minha mãe.
Terça-feira (26 de abril)
Iniciei a segunda com contrações, porém estavam irregulares, comuniquei à minha amiga e doula Chenia da Anunciação e marido e fiquei observando. Na madrugada de segunda para terça uma e pouca da manhã comecei sentir contrações novamente e a marcar o tempo para saber se eu estava entrando em trabalho de parto. Então notei que as contrações estavam de dez em dez minutos. Fiquei muito feliz. Senti emoção. Não chamei ninguém da casa (irmã, cunhado, sobrinha), fui curtindo as contrações, e dormir novamente como havia orientado minha doula. Quando acordei, mandei mensagem para
Chenia, depois liguei e relatei o que estava acontecendo. Mandei mensagem também para o marido e depois liguei, pois era bem cedinho. Eu estava em trabalho de parto. As contrações estavam acontecendo a cada dez minutos. Mandei mensagem também para minha Go e ela orientou que eu só fosse para casa de parto quando estivesse em trabalho de parto ativo. Então calmamente tomei meu café da manhã, liguei para minha mãe para ela vim ficar comigo e fui curtindo minhas contrações. Ficava no quarto, andava, deitava e quando vinha a contração fazia alguns movimentos orientados por minha doula. Agachava segurando o berço do Joaquim, rebolava e ia conversando com ele, dizia para ele que eu estava feliz, que ele podia vim, que o papai e a vovó já estavam a caminho. Para passar o tempo fiquei ouvindo a rádio MPB FM e ia conversando no whatsapp com algumas pessoas, principalmente com minha doula Chenia.
Não lembro exatamente a hora que minha mãe chegou, mas lembro que senti muita alegria. Agora era eu, Joaquim e mainha na casa. Minha sobrinha tinha chegado do curso e já estava saindo para escola. Minha mãe trouxe folha de algodão e fez um banho para mim, pois segundo o saber dela e da tradição banho de algodão “esquentava a dor”, acelerava o trabalho de parto. Então minha mãe fez o banho, eu banhei e tomei um pouco do chá. As contrações vinham e iam, as vezes vinham bastante dolorosas, as vezes eu chorava, as vezes parecia que eu estava acostumando. Por volta das dezessete horas minha irmã chegou com meu sobrinho. Só lembro dela me falando “Essa é a cara de quem vai parir hoje?”
Nesse momento mais uma contração estava acontecendo e chorei de dor. Por volta das dezoito minha doula chegou e conversamos, contei tudo o que tinha acontecido durante o dia. Logo depois Ecirio, pai de Joaquim chegou. E as contrações foram aumentando… Caminhei pelo quintal com Ecirio, rebolei. Teve um momento que as contrações estavam mais doloridas ainda. Lembro de Chenia falando para eu ficar de quatro com o quadril para cima para aliviar as dores e ela colocou uma música, um mantra que me acalmou bastante. Ele também fez massagens e orientou Ecirio também sobre como e onde massagear. Por volta das 22h senti fome e falei para minha mãe que eu queria comer.
Então quando sentei, acho que para tomar sopa as contrações começaram a ficar super doloridas. Não consegui tomar a sopa e elas também não pararam mais. Senti calor também. Chenia aconselhou ir p chuveiro . Fui e fiquei lá por uma hora, nem percebi que já tinha uma hora no chuveiro, mas as contrações não pararam mais. Cada dor era maior e infindável. Chenia achou que era o momento de irmos para o CPN. Concordei. Fomos. Cheguei no CPN uma e cinquenta da madrugada. Fizeram a entrevista e me perguntaram se eu queria que fizesse o tok. Aceitei, mas pedi para que não me falassem. Chenia e Ecirio souberam. Eu estava com 6 cm dilatados. No momento da entrevista senti um liquido descer. Pensei que eu tivesse feito xixi, ela a bolsa querendo romper. Logo vi Maina chegar e a fotografar. Senti alegria quando vi Maina. Fomos para o quarto. Lá, lembro que quis ir logo para o banheiro, chuveiro. Fiquei na bola, no chuveiro, Ecirio me ajudando. Depois disso vesti um roupão e fui p cavalinho. De imediato não gostei dos balanços do cavalinho, mas fui e fiquei.
O roupão estava me agoniando, pois eu sentia muito calor, então tirei logo tudo e fiquei peladona. kkkkk. Não lembro a hora, mas minha bolsa rompeu. Estourou como se fosse uma bola de encher e saiu um monte de líquido com um cheiro forte de amônia e bem quente. Venho um médico e perguntou se poderia fazer o tok. Aceitei. E ouvi ele dizer “coloca ela no agachamento que esse parto será de sucesso.” Ouvi isso e me senti estimulada. Fui para a “escada”, acho que é esse o nome. Não lembro se foi nesse momento que senti meu corpo abrir, mas especificamente, senti a vagina rasgar. Senti medo, dor! Falei “tem como desistir? Não quero mais normal.” Senti medo das dores serem maiores que aquela que por um momento senti. Sim, foi por um exato momento, porque depois passou e não senti mais nada. Fui para a escada. Pensei “a isso ai é moleza pura!” Comecei a descer os degrau. Nossa como é difícil.

Joguei para o tórax. Chenia havia me dito que não fazer isso, para canalizar a força para a pélvis. Logo saquei que fiz tudo errado. Pensei “Nossa como é difícil! Como vou fazer isso?” Aí lembrei alguém dizendo “é como se fosse força de fazer coco!” Então pensei nisso e fiz a segunda força. Foi rápido, não tive como pensar muito, pois as vontades eram involuntárias. Na terceira fiz uma força maior que a segunda e Joaquim nasceu. A enfermeira segurou Joaquim e logo colocou em cima de mim. Eu me senti meu aérea. Ouvi o choro dele e o calor dele em cima de mim. Tentei segurar, mas ele escorregava. A enfermeira disse “Segura mãe!” E eu segurei com força e pude ver o Joaquim. Cabeludo, quentinho, cheio de sebo protegendo a pele dele. Boquinha rosinha, olhinhos pequenos. Ele me olhou.
Fiquei emocionada. Ele reconheceu a mamãe. Logo em seguida olhou para o pai e procurou o seio e mamou. Achei incrível! Ai senti muito sono. E o médico ou a enfermeira, não lembro fazendo milhares de perguntas. E eu pensando “só quero dormir!” E fiquei uma hora acordada porque não deixaram eu dormir. Ai fizeram os procedimentos. Tiraram a placenta. Não vi. Me arrependo por não ter visto a placenta de Joaquim. Joaquim mamou novamente e ai pude dormir. Também senti fome, muita fome, mas o sono era maior.